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Faculdade de Medicina da Bahia |
Ana Carolina de Carvalho Viotti, em seu texto “As práticas e os saberes médicos no Brasil Colonial (1677-1808)”, nos permite uma visualização do quadro histórico.
Pelo punho de diversos médicos do século vinte (1) empenhados em recontar a história do que passou a ser denominado como “ciência médica”, repetiu-se a notícia de que antes da emergência da clínica e do ensino especializado, nessas terras só era possível tratar os males do corpo pela ação de curandeiros e práticos de parcos conhecimentos. Por empíricos que se valeram de uma ou outra técnica utilizada pelos doutos, em grande medida erroneamente, como a sangria e a purga. De mezinheiras e parteiras que embutiam em suas ações elementos mais mágicos ou supersticiosos do que estudados, do que “científicos”. Esses médicos-historiadores, pautados em depoimentos como os de Frei Caetano Brandão, bispo do Grão-Pará e Maranhão no século XVIII, que dizia ser “melhor tratar-se a gente com um tapuia do sertão, que observa com mais desembaraçado instinto, do que com um médico de Lisboa”, afirmam que os poucos licenciados que aqui ousaram medicar, valendo-se de um saber estrangeiro, nem sempre tinham condições – ou conhecimentos – para socorrer os pobres colonos.No geral, o quadro era o seguinte, segundo a mesma autora: “muitas doenças para serem remediadas, um amontoado de saberes e pessoas obrando pelas curas, um número diminuto de doutores para atuar”.
Poucos médicos, sim e, pior: pouco escolados. A maioria dos médicos portugueses, conforme já dito em outras publicações deste blog, não queriam nem ouvir falar de vir para a colônia. Os que vinham certamente não eram os mais prestigiados, nem os mais estudiosos.
Em suma: muitos males, poucos médicos e os curandeiros perseguidos. Os saberes que fundamentavam as técnicas de cura dos curandeiros eram os dos índios e dos ancestrais africanos, no caso dos escravizados. Usavam-se ervas e amuletos, enquanto pelas ruas, havia os barbeiros que, ali mesmo, faziam sangrias e vendiam remédios milagrosos.
Havia, ainda, os jesuítas, que também pareciam ter lá seus conhecimentos médicos e, melhor que isso, pesquisavam as ervas e raízes, usados como remédios para curas pelos nativos. No entanto, nem sempre esses conhecimentos revertiam em favor dos colonos, conforme sugere Daniela Buono Calainho, no texto "Jesuítas e Medicina no Brasil Colonial".
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Antigo prédio da Faculdade de Medicina na Praia Vermelha, Urca, RJ. |
Cá para nós, as práticas “curandeirísticas” e os procedimentos médicos não pareciam tão diversos assim, na época. Fora os medicamentos, como a antipirina, que praticamente não eram encontrados na colônia, receitava-se, por exemplo:
- pôr rodelas de limão na testa e no rosto para combater dores de cabeça e enxaquecas;
- suadouros para baixar a febre;
- cataplasmas para extinguir sintomas de asma;
- banhos de imersão em uma solução à base de malva para dores musculares;
- beber um cálice vinho para se livrar da insônia.
E o brasileiro que quisesse ser médico tinha que viajar até Coimbra e ali ingressar na Faculdade de Medicina. É evidente que quase ninguém fazia isso.
Conta-se que o primeiro médico do país foi Aleixo Manuel (1538-1626), chamado “o velho”, que exercia seu ofício na Capital Federal. Acabou virando nome de rua, nos primórdios da colônia, na região na qual onde fica, hoje, a Rua do Ouvidor. Aleixo era cirurgião e barbeiro, sendo que as duas profissões eram bastante próximas naquele tempo.
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Quadro de Debret retrata um cirurgião negro aplicando ventosas na rua |
Bem se pode imaginar os problemas pelos quais passaram tanto os primeiros médicos do Brasil, quanto a população que eles atendiam. As doenças tropicais não eram objeto de estudos mais dedicados na Metrópole, com certeza, e parece certo que, em muitos casos, os médicos que para cá vieram devem-nas ter agravado ao invés de combater.
Com a nova condição do Brasil, passou-se a investir bem mais na saúde da população e, para isso, basicamente se compreendia que eram necessários médicos com boa formação. Assim, logo depois de chegar à então colônia, Dom João VI criou a Escola de Cirurgia da Bahia (atual UFBA) e a Escola de Anatomia, Medicina e Cirurgia e instalada no Hospital Militar do Morro do Castelo, Rio de Janeiro. Um pouco mais tarde, em 1829, foi fundada a Academia Nacional de Medicina, por Joaquim Cândido Soares de Meireles (2) sob o nome de Sociedade de Medicina do Rio de Janeiro, posteriormente chamada Academia Imperial de Medicina. Fica no Centro do Rio de Janeiro.
De certo modo, a presença das escolas de formação médica marcou o avanço da civilização, ou do que o Ocidente, de forma geral, entende por civilização. No caso do Brasil, o investimento na Medicina buscou romper com o passado dos curandeiros, que, em muitos casos deviam ser exímios médicos, no sentido de que conheciam a “arte de curar”, mas não tinham permissão para exercer o ofício. Livrar-se do curandeirismo era, certamente, a meta dos “progressistas” na época.
Mas, se a partir de 1808 houve um maior incremento das práticas médicas, isso ocorreu de forma lenta e localizada, pois a primeira faculdade de medicina do interior do país só foi fundada em 1950, quando só haviam 13 escolas de Medicina em todo o país, todas localizadas nas capitais. Foi a Faculdade de Medicina de Sorocaba, da PUC-SP, que até hoje existe. Isso em 1950, ou seja, há apenas 65 anos.
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(1) Especialmente RIBEIRO, Lourival. Medicina no Brasil Colonial. Rio de Janeiro: GB, 1971; SANTOS FILHO, Lycurgo. Pequena história da medicina brasileira. São Paulo: DESA/Edusp, 1966.; _____. História geral da medicina brasileira. São Paulo: Edusp/HUCITEC, 1991.;_____. História da medicina no Brasil. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1947.;_____. Medicina Colonial. in HOLANDA, Sérgio Buarque de. História Geral da Civilização Brasileira (tomo I, vol. 2) - Difusão Européia do Livro, São Paulo, 1960 (nota presente no texto de Viotti).
(2) Fundador, idealizador e primeiro presidente da Academia Imperial (hoje Academia Nacional de Medicina) e Patrono do Serviço de Saúde da Marinha do Brasil.
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