sexta-feira, 29 de junho de 2018

Sistema Único de Saúde (SUS) aos 30 anos


Jairnilson Silva Paim | Instituto de Saúde Coletiva, Departamento de Saúde Coletiva I, Universidade Federal da Bahia. R. Basílio da Gama sn, Canela. 40110-040 Salvador BA Brasil. jairnil@ufba.br

Ciência & Saúde Coletiva - versão impressa ISSN 1413-8123versão On-line ISSN 1678-4561. Ciênc. saúde coletiva vol.23 no.6 Rio de Janeiro jun. 2018.   

RESUMO: Com o objetivo de dialogar com alguns estudos e perguntas acerca do SUS, ao completar 30 anos, o artigo apresenta um balanço de vetores positivos, obstáculos e ameaças, sublinhando a falta de prioridade pelos governos, o subfinanciamento e os ataques perpetrados pelas políticas do capital. Ressalta a financeirização da saúde vinculada à dominância financeira como uma das maiores ameaças ao SUS. Conclui que o SUS não está consolidado, justificando alianças entre forças democráticas, populares e socialistas, com novas estratégias, táticas e formas organizativas para enfrentar o poder do capital e de seus representantes na sociedade e no Estado. Palavras-Chave: Sistema Único de Saúde; Políticas de saúde; Reforma sanitária brasileira. 

quinta-feira, 28 de junho de 2018

Percentual de homens com diabetes cresce no Brasil


Estudo inédito do Ministério da Saúde mostra que a diabetes cresceu 54% na população masculina, nos últimos 11 anos

O percentual de homens que apresentaram diagnóstico médico de diabetes aumentou 54%, entre os anos de 2006 e 2017. Os dados da Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) servem para alertar a população no Dia Nacional de Controle do Diabetes, celebrado anualmente no dia 27 de junho. Há 11 anos, o percentual de homens que tinham sido diagnosticados com a doença era de 4,6%, agora o índice passou para 7,1%. Apesar de apresentarem percentual mais elevado em 2017, as mulheres (8,1%) tiveram um crescimento de 28,5% no mesmo período.

“O diabetes é uma doença crônica que pode ser evitada, desde que hábitos saudáveis, como uma alimentação adequada e a prática de atividade física, sejam adotados. O objetivo do Vigitel é monitorar anualmente esses fatores de risco e proteção para doenças crônicas e, com isso, acompanhar indicadores de saúde que dão subsídio a formulação e reformulação de políticas públicas", declarou Marta Coelho.

quarta-feira, 20 de junho de 2018

Seus dados de saúde são um supernegócio


Matéria do Outra Saúde informa que empresas buscam informações sobre a saúde e o adoecimento de pessoas comuns, buscando fomentar seus negócios

Você sem dúvidas soube quando estourou o escândalo Facebook-Cambridge Analytica e uma complicadíssima relação entre o tratamento de dados e o direcionamento de campanhas políticas veio à tona. Mas sabia que, até aquele momento, o Facebook sondava hospitais e outras instituições de saúde propondo o compartilhamento de informações dos usuários (sem o consentimento deles)?

Não era uma tentativa isolada de aproximação com a saúde, nem no próprio Facebook, nem em outras grandes empresas de comunicação e informação. Esta semana, o Outra Saúde aborda o grande negócio do tratamento de dados dessa área. Na realidade, coleta e tratamento são atividades importantes e mesmo necessárias em termos de saúde pública - a formulação de políticas, por exemplo, pode e deve fazer bom uso dela. Mas quais são os riscos? 

Colide, mas não mata



O Ministério da Saúde (MS) informa que os óbitos por acidentes de trânsito diminuíram, mas, curiosamente, cresceu no Sistema Único de Saúde (SUS) o número de internações de acidentados no trânsito 



O MS comemora a queda das mortes em acidentes de trânsito e atribui à Lei Seca o sucesso. Desde 2008, quando a Lei foi implementada, e desde 2012, ano em que houve o endurecimento da Lei, as mortes por conta do consumo de álcool no trânsito, os índices despencaram, segundo o Sistema de Informações de Mortalidade (SIM) do SUS.

Porém, se há essa boa notícia, há outra, bem má. O número de internações por acidentes com veículos automotores disparou. De 2008 para cá, por exemplo, houve um aumento de 90%. Isso, na média, pois se tomarmos os números por região, apenas a Sudeste teve aumento algo modesto, se comparado às demais regiões do país: 49%. Na região Norte, os índices se elevaram em quase 300%! 

quinta-feira, 14 de junho de 2018

Trocar SUS por CUS?


Na foto, o cidadão avalia, em praça pública,
a Cobertura Universal de Saúde da amiga


A proposta dos planos de saúde para substituir o Sistema Único de Saúde, o SUS, é (não ria) a Cobertura Universal de Saúde, ou seja, CUS. Se essa proposta vinga, daqui a um tempo vamos todos estar tomando vacina no CUS, que, aliás, é uma proposta provavelmente inspirada no que esse pessoal tem na cabeça para propor algo assim.

Apesar de ser um excelente motivo para piada, trata-se de coisa bem séria. É que a Organização Mundial da Saúde (OMS) está namorando firme com o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI) (instituições comprometidas apenas com a multiplicação do capital e a ampliação das desigualdades) e quer acabar de vez com os sistemas públicos de saúde, como o SUS.

Idólatras do CUS - Segundo os idólatras dessa coisa que se intitula CUS, a proposta é "o conceito mais poderoso que a saúde pública tem a oferecer” e pretende ser, ainda, a “terceira transição sanitária global” e “Um caminho fundamental para aumentar o acesso equitativo a cuidados de qualidade”. 

Amantes do CUS - Tudo isso parece realmente piada, e de mau gosto, principalmente quando entendemos que o propósito fundamental disso que estão chamando apropriadamente de CUS é nos fazer esquecer que “a saúde é direito de todos e dever do Estado”. Para os amantes do CUS, é dever de cada um de nós gastar o suficiente para satisfazer os direitos que empresários do setor acreditam ter. E o Estado? Este fica livre para deixar a população entregue aos lobos e proteger apenas os direitos do mercado financeiro.

quinta-feira, 7 de junho de 2018

Governo e parlamentares querem potencializar planos de saúde em detrimento do SUS


7 JUN 2018 | do Susconecta

O Sistema Único de Saúde (SUS) vem sendo fragilizado desde 2016. Ao mesmo tempo, uma proposta de “planos acessíveis” que une interesse do atual governo e parte dos parlamentares quer potencializar o mercado de planos de saúde. Por esse motivo, o Conselho Nacional de Saúde (CNS) realizou nesta terça (05/06) seminário “Planos de Saúde e o papel do controle social na garantia da saúde como direito humano”, na sede do CNS, em Brasília.

Após 30 anos de história, SUS corre risco de não existir mais no Brasil


07 JUN. 2018 | www.susconecta.org.br

O Sistema Único de Saúde (SUS) nasceu após a Constituição de 1988, fruto de muita luta dos movimentos populares e do controle social brasileiro. Porém, desde 2016, uma das maiores políticas públicas do mundo vem sendo fragilizada com cortes drásticos no orçamento. Por esse motivo, o Conselho Nacional de Saúde (CNS) participou nesta terça (06/06) do seminário que debateu o “Futuro do SUS num cenário de crise”, realizado pela Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados.

Em 2015, a Emenda Constitucional 86/2015 retirou recursos do pré-sal que eram destinados para saúde e educação. Em seguida, foi aprovada a EC 95/2016, que congela o investimento para as duas áreas até 2036. Nos dois últimos anos, uma série de mudanças foram feitas sem aval do CNS, responsável constitucional pela deliberação sobre as políticas de saúde. Mudanças graves na Atenção Básica, na Saúde Mental, no modelo de financiamento aos municípios e estados, além da proposta do governo de potencializar os planos de saúde em detrimento do SUS podem levar o sistema ao seu fim.

segunda-feira, 4 de junho de 2018

“Comida porcaria” é grave problema de saúde pública, mas empresas que a produzem não pagam por isso


Os males que determinadas empresas da indústria alimentícia causam a nós são inegáveis. A qualidade de muitos dos produtos oferecidos por essas empresas é baixa, principalmente se tomarmos em conta os fatores nutricionais. Algumas coisas que chamamos de alimentos não são, na verdade, alimentos, pois não nutrem, não alimentam, não fazem bem ao corpo. Na melhor das hipóteses, simplesmente não têm valor nutricional, mas, em diversos casos, fazem mal ao organismo.

Uma das doenças geralmente associadas a esses “alimentos que não alimentam” é o câncer, uma doença não transmissível que, junto com a diabetes, é responsável pela morte de aproximadamente um milhão de pessoas por ano, somente no Brasil. O quadro é tão grave que, segundo o jornal O Estado de São Paulo (Estadão), o número de mortes por essa causa cresce de forma mais veloz do que a população.

Segundo o cardiologista Carlos Alberto Machado, ouvido em matéria do Estadão, o aumento das mortes por doenças não transmissíveis está ligado a uma combinação de piora no estilo de vida, envelhecimento populacional e redução do acesso aos serviços de saúde públicos e privados. E, embora ele não tenha citado, dentro dessa piora no estilo de vida está o fator "alimentação". Muitas pessoas consomem ultraprocessados, inclusive nas refeições diárias, e esse é um importante fator de adoecimento. 

Na matéria do Estadão, o mesmo cardiologista afirma que "para reduzir as mortes por doenças não transmissíveis, seria preciso investir no diagnóstico precoce e no tratamento adequado, estimulando o combate à obesidade, ao tabagismo e ao sedentarismo". Segundo suas palavras:

"É preciso incentivar a atenção básica, mas o governo vem privilegiando o atendimento de alta complexidade. Se valorizamos só o hospital, só vamos tratar doentes, em vez de impedir que as pessoas adoeçam. É preciso valorizar a promoção de saúde. Esse sistema está praticamente inviável".

Taxar "comida porcaria" é preciso
O custo para fornecer assistência a essas pessoas é alto e uma solução para cobri-lo seria a responsabilização das indústrias de alimentos que não alimentam, com uma taxação pesada (como ocorre com o cigarro, que hoje está sendo muito menos consumido do que já foi no passado), o que elevaria o preço da “comida porcaria” e afastaria parte da população desse tipo de produto.

No entanto, como essas empresas investem pesado na eleição de deputados e senadores, a coisa não anda. E o caso é mais grave ainda por conta de que a publicidade de alimentos porcaria é em grande parte dirigida a crianças. O resultado é o aumento da obesidade e de outras doenças, como as citadas anteriormente neste mesmo texto.

Link para a matéria do Estadão: