Abraham Flexner foi um educador que se especializou em
ensino médico e escreveu, em 1910, um relatório que mudou o ensino da medicina
nos EUA e, consequentemente, a prática médica. Subvencionado pela Fundação
Rockfeller, Flexner entrou em ação para “pôr ordem” no suposto caos que
caracterizava o ensino e a prática médica naquele país. E foi assim que, em
1912, assumiu importante e permanente posição no General Education Board.
O tal “caos” dizia respeito à proliferação das práticas
médicas consideradas “não científicas”, como o fisiomedicalismo e o
botanomedicalismo, terapêuticas que viriam a dar origem à fitoterapia e à
homeopatia. Não havia a necessidade de concessão do Estado para ensinar ou
exercer a medicina e, além das terapêuticas referidas, tudo o mais era
permitido, o que, sem dúvida, representava um risco para a população, por conta
da absoluta ausência de regulação. É preciso, porém, saber que a proposta
flexneriana acabou por dar um prestimoso auxílio à indústria farmacêutica, que
desde o final do século XIX, começava a construir o seu império e a influenciar
decisivamente a lógica da assistência à saúde, impondo a “medicina científica”
como padrão.