Apresentação foi didática e motivou muitas conversas e
debates, com esclarecimentos oportunos sobre os temas tratados. O “fim das
caixinhas” é uma perspectiva que pode representar desburocratização no uso dos
recursos
Na manhã do dia 01 de março, com início às 9h30, aconteceu a
abertura do SOU+SUS em 2018. Os temas em pauta foram a nova função dos Núcleos
Estaduais do Ministério da Saúde (NEMSs), a criação da Seção de Apoio
Institucional e Articulação Federativa (SEINSF) e a nova sistemática de
financiamento definida pela Portaria 3992/2017, assinada pelo ministro da Saúde
no dia 28 de dezembro do ano passado. Vinte servidores assistiram à apresentação
da chefe da SEINSF, Elizabete Matheus, que demonstrou excelente conhecimento
dos assuntos tratados e esclareceu todas as dúvidas.
A reestruturação dos NEMSs, que foram por muito tempo apenas
escritórios de apoio logístico e administrativo, foi o primeiro tema a ser
tratado. Segundo Elizabete, ou Bete, como é carinhosamente chamada pelos
colegas, há muito se sente, no Ministério da Saúde (MS), a necessidade de
reorganizar os núcleos visando otimizar e integrar as ações do MS nos estados.
“Está clara, já há muito tempo, a importância de qualificar o papel estratégico
dos núcleos estaduais, fortalecendo as ações técnicas e o apoio institucional
do MS aos estados, regiões e municípios para o desenvolvimento das políticas,
programas e ações de saúde”, explicou.
Para a chefe do SEINSF, os NEMSs são peças estratégicas para
a efetivação das ações e serviços de saúde à população dos estados,
fortalecendo as relações federativas. “É imprescindível, neste momento, que as
atividades desenvolvidas nos núcleos estejam de acordo com as diretrizes
ministeriais e também do Conselho Nacional de Saúde, bem como com as pactuações
realizadas nas comissões intergestores e, é claro, levando em conta
especificidades locais”, disse.
Planejamento
ascendente
Bete deixou claro que a relação do MS com os municípios foi
estabelecida, historicamente, de forma vertical, com o MS estabelecendo
prioridades que muitas vezes não estavam em consonância com as necessidades das
regiões de saúde. “Isso está mudando, pois o SUS acontece, na prática, nos
municípios: são eles que oferecem o atendimento da Atenção Básica e, em muitos
casos, também da média complexidade, por isso necessitam de mais autonomia e,
ao invés de termos um planejamento descendente, como acontece hoje, precisamos
de um planejamento ascendente e de uma gestão compartilhada”, esclareceu.
Muitas regiões de saúde, da mesma forma, foram
estabelecidas, em muitos casos, de forma burocrática, sem levar em consideração
as singularidades locais, e há Planos de Saúde (PS) municipais que são apenas
cartoriais, ou seja, são feitos apenas para satisfazer às exigências do MS para
a liberação de recursos. “Há casos de prefeituras que contrataram assessorias
para produzir um plano e receber os recursos e há, ainda, as que copiam e colam
planos de outros municípios esquecendo até mesmo de mudar o nome do município”,
afirmou Bete.
Apoio generalista
Para as mudanças necessárias, o SEINSF é fundamental,
segundo ela, e a nova seção tem a missão de apoiar a gestão do SUS de forma
generalista, não mais localizada e pontual, como acontecia antes, quando se
contratavam apoiadores para cada programa do MS. “O SEINSF existe para
executar, monitorar e avaliar as atividades de apoio institucional necessárias
à implementação de ações do SUS, articulando-se com as instituições de saúde,
de educação e, principalmente, do controle social, que terá uma importância
redobrada na nova forma de financiamento”, explicou.
Segundo o Regimento Interno do MS, o SEINSF é estratégico
para apoiar o estado, o COSEMS (Conselho de Secretários Municipais de Saúde) e
todos os atores envolvidos no planejamento de saúde. Deve assessorar os
municípios na elaboração dos PSs, da Programação Anual de Saúde (PAS) e dos
Relatórios de Gestão (RG), visando a garantir que os mesmos expressem as diretrizes
dos respectivos Conselhos de Saúde e das Políticas de Saúde pactuadas nas
instâncias competentes para isso.
Fora das caixinhas
Bete falou da “Cultura das Caixinhas” no âmbito do MS, tanto
nos núcleos como na estratégia de financiamento, e da necessidade de “pensar
fora das caixas” para melhor planejar as ações e, com isso, satisfazer
efetivamente às necessidades da população. “É necessário garantir a integração
das ações em todos os níveis, até porque no nível da assistência essa
integração é fundamental, já que é praticamente impossível para a maior parte
dos municípios brasileiros garantir a integralidade na atenção, pois uns
dependem dos outros, sendo absolutamente imprescindível que União, estados e
municípios estejam sempre dialogando e pactuando as suas ações”, declarou.
Os blocos de financiamento, que antes eram seis, passam, com
a Portaria 3992/2017, a apenas dois: o de custeio e o de financiamento. “Essa é
uma ideias já antiga na gestão do SUS, que agora se concretiza, facilitando a
realização de gastos emergenciais e liberando os recursos represados na saúde
brasileira, que chegam a R$ 5 bilhões em boa parte por conta da antiga
modalidade de repasse de recursos, que contava com seis blocos subdivididos em
mais de oitocentas ‘caixinhas’ diferentes”, disse.
Dois blocos
Para Bete, os municípios terão que alimentar e manter
atualizados os sistemas de informação do SUS e serão severamente fiscalizados
no que diz respeito aos gastos com saúde. Deverão apresentar Planos de Saúde
efetivos, não apenas para receber recursos, e, antes de transferir valores
orçamentários de uma destinação para outra, precisarão pactuar essas
movimentações nas instâncias competentes. Os conselhos de saúde terão um papel
mais decisivo e os relatórios de gestão terão que ser claros e estar em
consonância com a realidade, estando vinculados aos programas previstos no
Orçamento Geral da União.
Os recursos destinados ao Bloco de Custeio devem garantir a
manutenção da prestação das ações e serviços públicos de saúde e o
funcionamento dos órgãos e estabelecimentos responsáveis pela implementação das
ações e serviços públicos de saúde. Já no Bloco de Financiamento serão
possíveis gastos com a aquisição de equipamentos, obras de construções novas
utilizadas para a realização de ações e serviços públicos de saúde e obras de
reforma e/ou adequações de imóveis já existentes, utilizados para a realização
de ações e serviços públicos de saúde.
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