Por Paulo Buss coordenador do Centro
de Relações Internacionais em Saúde da Fiocruz e membro-titular da Academia
Nacional de Medicina | Publicado em 9/2/2010.
Os cuidados integrais com a saúde implicam ações de promoção
da saúde, prevenção de doenças e fatores de risco e, depois de instalada a
doença, o tratamento adequado dos doentes. Esses três tipos de ação têm áreas
de superposição, como seria de esperar. Neste pequeno artigo de divulgação,
pretendo apresentar o conceito de promoção da saúde e o espectro de ações que
estão embutidas na prática da promoção da saúde pelos profissionais da área e
pela comunidade.
Saúde é um direito humano fundamental reconhecido por todos
os foros mundiais e em todas as sociedades. Como tal, a saúde se encontra em pé
de igualdade com outros direitos garantidos pela Declaração Universal dos
Direitos Humanos, de 1948: liberdade, alimentação, educação, segurança,
nacionalidade etc. A saúde é amplamente reconhecida como o maior e o melhor
recurso para os desenvolvimentos social, econômico e pessoal, assim como uma
das mais importantes dimensões da qualidade de vida.
Saúde e qualidade de vida são dois temas estreitamente
relacionados, fato que podemos reconhecer no nosso cotidiano, com o qual
pesquisadores e cientistas concordam inteiramente. Isto é, a saúde contribui
para melhorar a qualidade de vida e esta é fundamental para que um indivíduo ou
comunidade tenha saúde. Em síntese, promover a saúde é promover a qualidade de
vida.
A Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde,
realizada em Ottawa, no Canadá, em 1986 que estabeleceu uma série de princípios
éticos e políticos, definindo os campos de ação. De acordo com o documento,
promoção da saúde é o “processo de capacitação da comunidade para atuar na
melhoria da sua qualidade de vida e saúde, incluindo maior participação no
controle desse processo”.
Para atingir um estado de completo bem-estar físico, mental
e social, os indivíduos e grupos devem saber identificar aspirações, satisfazer
necessidades e modificar favoravelmente o ambiente natural, político e social.
A saúde é, portanto, um conceito positivo, que enfatiza os recursos sociais e
pessoais, bem como as capacidades físicas. Assim, não é responsabilidade
exclusiva do setor saúde e vai além de um estilo de vida saudável, na direção
de um bem-estar global.
A carta afirma que são recursos indispensáveis para ter
saúde: paz, renda, habitação, educação, alimentação adequada, ambiente
saudável, recursos sustentáveis, equidade e justiça social, com toda a
complexidade que implicam alguns desses conceitos. A promoção da saúde é o
resultado de um conjunto de fatores sociais, econômicos, políticos e culturais,
coletivos e individuais, que se combinam de forma particular em cada sociedade
e em conjunturas específicas, resultando em sociedades mais ou menos saudáveis.
Na maior parte do tempo de suas vidas, a maioria das pessoas
é saudável, ou seja, não necessita de hospitais, CTI ou complexos procedimentos
médicos, diagnósticos ou terapêuticos. Mas, durante toda a vida, todas as
pessoas necessitam de água e ar puros, ambiente saudável, alimentação adequada,
situações social, econômica e cultural favoráveis, prevenção de problemas
específicos de saúde, assim como educação e informação – estes, componentes
importantes da promoção da saúde. Então, para promover a saúde, é preciso
enfrentar os chamados determinantes sociais da saúde.
A promoção da saúde se refere às ações sobre os
condicionantes e determinantes sociais da saúde, dirigidas a impactar
favoravelmente a qualidade de vida. Por isso, caracterizam-se fundamentalmente
por uma composição intersetorial e, intrasetorialmente, pelas ações de
ampliação da consciência sanitária – direitos e deveres da cidadania, educação
para a saúde, estilos de vida e aspectos comportamentais etc.
Assim, para melhorar as condições de saúde de uma população,
são necessárias mudanças profundas dos padrões econômicos no interior dessas
sociedades e intensificação de políticas sociais, que são eminentemente
políticas públicas. Ou seja, para que uma sociedade conquiste saúde para todos
os seus integrantes, é necessária ação intersetorial e políticas públicas
saudáveis.
Além disso, espera-se uma série de políticas no campo da
saúde para que uma sociedade alcance o objetivo de ter pessoas saudáveis, que
realizem o pleno potencial humano de longevidade com qualidade de vida, vivendo
ademais uma vida socialmente produtiva. A Comissão Nacional dos Determinantes
Sociais da Saúde fez uma análise profunda dos determinantes sociais da saúde no
Brasil e uma série de políticas e ações, cujo objetivo último é a promoção da
saúde.
Para a atenção integral de saúde, será necessário utilizar e
integrar saberes e práticas hoje reunidos em compartimentos isolados: atenção
médico-hospitalar; programas de saúde pública; vigilância epidemiológica;
vigilância sanitária; educação para a saúde etc. com ações extrasetoriais em
distintos campos, como água, esgoto, resíduos, drenagem urbana, e também na
educação, habitação, alimentação e nutrição etc., e dirigir esses saberes e
práticas integrados a um território peculiar, diferente de outros territórios,
onde habita uma população com características culturais, sociais, políticas,
econômicas etc. também diferentes de outras populações que vivem em outros
territórios.
Em resumo, é a proposta de uma nova prática sanitária
interdisciplinar, que integra diferentes saberes e práticas intra e extrasetoriais,
que se revestem de uma nova qualidade ao articular-se, organizadas pelo
paradigma da promoção da saúde, para o enfrentamento dos problemas existentes
num território singular. Os Programas de Saúde da Família e dos Agentes
Comunitários de Saúde, hoje em implementação no Brasil, são propostas
promissoras e estruturantes de uma nova prática e merecem o mais decidido apoio
político e técnico para sua implementação.
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ResponderExcluirNice post thank you Samantha
ResponderExcluirExcelente artigo.
ResponderExcluirEstimulante obrigado pelas informações muito bom
ResponderExcluirEstimulante sexual natural
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