Parece claro que as atuais preocupações com a qualidade ambiental e com a preservação dos recursos do planeta são manifestações de um anseio por saúde |
O conceito de “saúde” mudou muito desde o início de seu uso.
Isso ocorre porque é um elemento diretamente vinculado a uma conjuntura social,
econômica, política e cultural. Assim, a definição do que é saúde tem variações
fundamentais, e mesmo diferenças radicais, de acordo com o tempo, o lugar e a
posição social de quem o formula. Além disso, há concepções religiosas, filosóficas
e, é claro, também científicas, já formuladas e que influenciam todos os que
pensam e dizem algo em relação ao que seja essa tal “saúde”.
De acordo com o que conhecemos hoje, parece claro que
inicialmente a saúde estava relacionada à ação de forças míticas e quedava
subordinada aos atos de obediência a ditames metafísicos, como a vontade dos
deuses e entidades naturais e sobrenaturais. Não raro, o estado de saúde era
diretamente ligado à proteção contra demônios e maus espíritos e às boas
atitudes que atraíam a simpatia divina e afastavam a sua cólera. Tudo indica
que, no caso do paganismo, a saúde provinha dos deuses, assim como na visão
monoteísta provinha de um só Deus.
Por seu lado, Hipócrates, o patriarca dos médicos, foi um dos primeiros a relacionar o equilíbrio do corpo com as forças
naturais, se desviando das noções metafísicas. Com o tempo, no campo da
ciência, foram se especificando novas formas de pensar e definir a saúde, como
as estritamente mecanicistas, que radicalizaram a definição do que é saudável
estabelecendo uma lógica eminentemente maquínica, entendendo o corpo humano
como um aparelho mecânico.
Equilíbrio é
fundamental
Hoje, em nossos dias, a noção de saúde parece mais complexa
e rica do que a existente nos tempos anteriores, embora não se possa afirmar
isso com absoluta e total precisão. Com certeza, a definição ganhou amplos
contornos que relacionam o corpo humano ao ambiente, indo mesmo além do
proposto originalmente pelos primeiros médicos, como o já citado Hipócrates, e observando
questões subjetivas com mais intensidade, mantendo, porém, a base lógica da perspectiva
de equilibrar a relação do ente humano com a natureza que o cerca e mantém
vivo.
Pode-se dizer que a forma como pensamos a saúde na
contemporaneidade resgata, em parte, saberes antigos, e os recondiciona à nossa
realidade social, cultural, filosófica e epistemológica. O que se propõe é que
se busque primordialmente a promoção da saúde e do bem-estar, por meio da
conexão humana com a natureza, aproveitando suas benesses e evitando seus
perigos através de uma relação equilibrada.
Promovendo a saúde
Parece ser consenso entre os especialistas e profissionais
de saúde de modo geral que a promoção da saúde é a estratégia mais adequada
para o bem-estar e, sob o ponto de vista preventivo, para que males e doenças diversas
sejam evitadas, multiplicando os bons hábitos e não incentivando os maus.
Sob todos os pontos de vista, inclusive o econômico, a
promoção de saúde é vista como a melhor estratégia, individual e coletivamente,
já que os procedimentos médicos e hospitalares têm custos, muitas vezes
elevados e, com bons hábitos, se deduz que teremos menos necessidade de
necessitar desses procedimentos.
Assim, como lembram Lourenço, Danczuk Et Al (1), a diretora
geral da Organização Mundial da Saúde, Margaret Chan, afirma sabiamente que “pessoas
saudáveis são capazes de aprender mais, produzir e contribuir para suas
comunidades. Ao mesmo tempo, um ambiente saudável é um pré-requisito para uma
boa saúde”. Como desmentir isso? Afinal, você consegue pensar de forma estanque
o ser humano e o meio ambiente?
Em nossos tempos, cresce a compreensão de que o
fortalecimento da saúde depende de um ambiente saudável e, acima de tudo, do
compromisso de cada um com a própria saúde. Isso implica na nossa responsabilidade
com o meio ambiente, com a alimentação e com práticas esportivas, isso para
falar no mínimo. Desse modo, se promove a saúde individual e também coletiva.
Convivendo com as
tensões cotidianas
Saúde não é somente evitar determinados hábitos, nem apenas
procurar comer alimentos naturais, embora isso seja muito importante. Não é
aconselhável esquecer que lidamos diariamente com situações que geram tensões
físicas, biológicas, psicológicas e/ou sociais e talvez esteja na capacidade
que cada um desenvolve para compreender, administrar e equilibrar essas tensões
que se encontra a chave da boa saúde.
A boa alimentação ajuda muito, cultivar bons hábitos mais ainda.
Esses fatores podem significar a diferença entre o bem-estar e o adoecimento,
com absoluta certeza. No entanto, a grande
força da pessoa saudável pode estar diretamente relacionada à sua habilidade de
responder aos estímulos do ambiente de forma razoável e equilibrada.
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