quarta-feira, 30 de março de 2016

Conversando sobre o atual conceito de saúde


Parece claro que as atuais preocupações
com a qualidade ambiental e com a
preservação dos recursos do planeta são
manifestações de um anseio por saúde
O conceito de “saúde” mudou muito desde o início de seu uso. Isso ocorre porque é um elemento diretamente vinculado a uma conjuntura social, econômica, política e cultural. Assim, a definição do que é saúde tem variações fundamentais, e mesmo diferenças radicais, de acordo com o tempo, o lugar e a posição social de quem o formula. Além disso, há concepções religiosas, filosóficas e, é claro, também científicas, já formuladas e que influenciam todos os que pensam e dizem algo em relação ao que seja essa tal “saúde”.

De acordo com o que conhecemos hoje, parece claro que inicialmente a saúde estava relacionada à ação de forças míticas e quedava subordinada aos atos de obediência a ditames metafísicos, como a vontade dos deuses e entidades naturais e sobrenaturais. Não raro, o estado de saúde era diretamente ligado à proteção contra demônios e maus espíritos e às boas atitudes que atraíam a simpatia divina e afastavam a sua cólera. Tudo indica que, no caso do paganismo, a saúde provinha dos deuses, assim como na visão monoteísta provinha de um só Deus.

Por seu lado, Hipócrates, o patriarca dos médicos, foi um dos primeiros a relacionar o equilíbrio do corpo com as forças naturais, se desviando das noções metafísicas. Com o tempo, no campo da ciência, foram se especificando novas formas de pensar e definir a saúde, como as estritamente mecanicistas, que radicalizaram a definição do que é saudável estabelecendo uma lógica eminentemente maquínica, entendendo o corpo humano como um aparelho mecânico.

Equilíbrio é fundamental
Hoje, em nossos dias, a noção de saúde parece mais complexa e rica do que a existente nos tempos anteriores, embora não se possa afirmar isso com absoluta e total precisão. Com certeza, a definição ganhou amplos contornos que relacionam o corpo humano ao ambiente, indo mesmo além do proposto originalmente pelos primeiros médicos, como o já citado Hipócrates, e observando questões subjetivas com mais intensidade, mantendo, porém, a base lógica da perspectiva de equilibrar a relação do ente humano com a natureza que o cerca e mantém vivo.

Pode-se dizer que a forma como pensamos a saúde na contemporaneidade resgata, em parte, saberes antigos, e os recondiciona à nossa realidade social, cultural, filosófica e epistemológica. O que se propõe é que se busque primordialmente a promoção da saúde e do bem-estar, por meio da conexão humana com a natureza, aproveitando suas benesses e evitando seus perigos através de uma relação equilibrada.

Promovendo a saúde
Parece ser consenso entre os especialistas e profissionais de saúde de modo geral que a promoção da saúde é a estratégia mais adequada para o bem-estar e, sob o ponto de vista preventivo, para que males e doenças diversas sejam evitadas, multiplicando os bons hábitos e não incentivando os maus.

Sob todos os pontos de vista, inclusive o econômico, a promoção de saúde é vista como a melhor estratégia, individual e coletivamente, já que os procedimentos médicos e hospitalares têm custos, muitas vezes elevados e, com bons hábitos, se deduz que teremos menos necessidade de necessitar desses procedimentos.


O ambiente urbano é considerado um potencial gerador de
tensões. Isso é claramente perceptível quando se observa o
trânsito caótico nas grandes cidades, que geralmente leva
à vivência de situações em que a capacidade de reagir com
tranquilidade à tensão é fundamental para a boa saúde
Assim, como lembram Lourenço, Danczuk Et Al (1), a diretora geral da Organização Mundial da Saúde, Margaret Chan, afirma sabiamente que “pessoas saudáveis são capazes de aprender mais, produzir e contribuir para suas comunidades. Ao mesmo tempo, um ambiente saudável é um pré-requisito para uma boa saúde”. Como desmentir isso? Afinal, você consegue pensar de forma estanque o ser humano e o meio ambiente?

Em nossos tempos, cresce a compreensão de que o fortalecimento da saúde depende de um ambiente saudável e, acima de tudo, do compromisso de cada um com a própria saúde. Isso implica na nossa responsabilidade com o meio ambiente, com a alimentação e com práticas esportivas, isso para falar no mínimo. Desse modo, se promove a saúde individual e também coletiva.

Convivendo com as tensões cotidianas
Saúde não é somente evitar determinados hábitos, nem apenas procurar comer alimentos naturais, embora isso seja muito importante. Não é aconselhável esquecer que lidamos diariamente com situações que geram tensões físicas, biológicas, psicológicas e/ou sociais e talvez esteja na capacidade que cada um desenvolve para compreender, administrar e equilibrar essas tensões que se encontra a chave da boa saúde.


A boa alimentação ajuda muito, cultivar bons hábitos mais ainda. Esses fatores podem significar a diferença entre o bem-estar e o adoecimento, com absoluta certeza.  No entanto, a grande força da pessoa saudável pode estar diretamente relacionada à sua habilidade de responder aos estímulos do ambiente de forma razoável e equilibrada. 

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