segunda-feira, 5 de junho de 2017

Situação do combate ao Aedes Aegypti no Paraná foi o tema do SOU+SUS


Raul Belly alertou para a necessidade do cidadão vistoriar
sua residência semanalmente para evitar focos do mosquito
 
O Paraná, que parecia quase imune no passado, teve, em 2016, epidemia que o colocou em estado de emergência – lixo doméstico parece ser, hoje, o maior perigo

No primeiro dia do mês de junho o projeto SOU+SUS recebeu a visita de Raul Belly, servidor do Ministério da Saúde que atua na Secretaria de Estado da Saúde do Paraná coordenando a “Sala de Situação em Saúde”. Sua função, assim, é gerenciar esse espaço de inteligência que possibilita uma visão integral e intersetorial da situação da saúde no estado, integrando as informações e fundamentando as ações. Ele proferiu uma interessante e proveitosa palestra sobre a situação da dengue no Paraná e, principalmente, em Curitiba, para 18 servidores que se comprometeram a disseminar as informações para os colegas.


Raul lembrou que, quando ingressou na então SUCAM (1), na década de 1980, a dengue, no Paraná, e especial em Curitiba, era um problema distante, situação que perdurou até recentemente. “Naquele tempo, a gente falava da dengue, isso até a metade da década passada, e sempre alguém te perguntava se não havia nada mais importante para falar, porque o problema com o Aedes Aegypti era praticamente inexistente por aqui. Hoje, fica claro que quando falávamos sobre esse assunto era para que não chegássemos à situação de hoje”, explicou. Segundo ele, ainda há dificuldade, principalmente da parte de muitos moradores de Curitiba, de levar a sério o combate ao mosquito, o que é um problema grave, pois é nos domicílios que parecem estar a maior parte dos focos, algo em torno de 70%.

A situação da doença se agravou de forma radical nos últimos anos no Paraná, tanto que a situação do estado é, em nossos dias, a de emergência, com 912 casos graves e 61 óbitos em 2016. “Perdemos, inclusive, uma criança de 12 anos no ano passado, o que é inadmissível”, disse Raul, lembrando que o óbito por essa causa é considerado morte por “causa evitável”. A epidemia ocorrida no litoral paranaense no ano passado é inédita e, tudo indica que todos os municípios paranaenses estão, hoje, infestados pelo mosquito, que além da dengue, que tem quatro tipos, transmite outros males graves, como a zika e a chikungunya, além da febre amarela.


18 servidores estiveram presentes e se comprometeram 
a ser multiplicadores das informações prestadas na palestra

Na capital paranaense foram encontrados, em 2016, 370 focos do Aedes, o que torna a situação da cidade como propícia para a eclosão de uma epidemia nos próximos anos. “Em Curitiba, está havendo uma clara mudança climática, com dias mais quentes. Quando entra a primavera, o curitibano começa a pensar em apagar a lareira, ir para a praia, para a piscina, passear no campo, essas coisas... pois o mosquito pensa a mesma coisa”, ponderou Raul Belly. Segundo ele, nos meses mais quentes, o Aedes se reproduz com mais facilidade e, por conta das pessoas usarem menos roupas, o risco aumenta, pois há mais espaço livre para a picada. E, pelas estatísticas, o bairro com maior número de focos em Curitiba é o Boqueirão.

O custo da dengue é alto. Segundo o Ministério da Saúde, em 2015 foi gasto mais de um bilhão de dólares no país, sendo que no Paraná foram despendidos aproximadamente US$ 85 milhões com a doença. A vacina, que imuniza contra os quatro tipos de dengue, é uma boa opção e pode representar uma sensível economia, mas não há como falar em uma vacinação em massa. Por conta disso, as pessoas que estão nas faixas de idade mais atingidas, de 10 a 44 anos, é que são vacinadas.

Raul Belly deixou claro que o objetivo de sua palestra é conscientizar os presentes sobre o papel fundamental de cada um no combate ao mosquito. “Se cada qual cuidar de seu próprio quintal, observando os locais em que pode haver focos do Aedes, teremos um imenso avanço. Mas, esse cuidado tem que ser atualizado no mínimo semanalmente. Não adianta vistoriar de mês em mês ou, pior, de seis em seis meses”, alertou. É preciso atenção com locais ralos, calhas, bromélias, garrafas e todo recipiente que possa servir para o depósito dos ovos. “Até mesmo uma tampinha de garrafa pode servir para a fêmea pôr os ovos”, explicou.

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(1) A SUCAM (Superintendência de Campanhas de Saúde Pública) foi criada em 22 de maio de 1970, pelo Decreto nº 66.263. Resultou da fusão do Departamento Nacional de Endemias Rurais (DENERu), da Campanha de Erradicação da Malária (CEM) e da Campanha de Erradicação da Varíola (CEV). Era um exército de combate a endemias, com equipes fardadas, hierarquia rígida, muita disciplina e ações de grande eficácia, principalmente na coleta de dados, que eram mais precisos do que os do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Sua finalidade era o controle ou a erradicação das grandes endemias e trabalhava com quatro grandes Programas de Controle de Doenças: Chagas, malária, esquistossomose e febre amarela. Também desenvolvia Campanhas contra a filariose, o tracoma, a peste, o bócio endêmico e as leishmanioses. Tinha diretorias regionais em cada estado e oitenta distritos sanitários. Foi extinta pelo então presidente Fernando Collor de Mello, em 1991.

Um comentário:

  1. Precisamos nos conscientizar e eliminar recipientes com águas parada para evitar a procriação do Aedes Aegypti.

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