Incentivar ao exercício fisico é promover a saúde e essa tem sido uma virtude do poder público, facilmente constatável na instalação dos equipamentos de ginástica nas praças e parques |
O conceito de “promoção” nos remete ao fomentar, impulsionar e/ou gerar algo. No nosso caso, falamos de incentivar a adoção de hábitos e comportamentos saudáveis. Promover saúde é conscientizar, individual e/ou coletivamente, acerca dos males causados por determinados comportamentos e estimular a adoção de hábitos saudáveis.
O que está em foco na promoção da saúde é o modo de viver da população e a identificação dos fatores determinantes e condicionantes da saúde, isto é, as características sociais dentro das quais a vida se dá no cotidiano, incluindo moradia, saneamento básico, escolaridade, condições de trabalho, aspectos culturais, alimentação e outros itens, como sexo, idade, hereditariedade e estilo de vida.
A alimentação é um dos fatores mais importantes para a promoção da saúde. Em boa medida, somos o que comemos |
De certo modo, falamos de um empoderamento, ou seja, de um projeto para proporcionar maior poder para os indivíduos e comunidades, atribuindo a oportunidade de obter domínio sobre a própria vida no que diz respeito à saúde. Um projeto de empoderamento que fornece e compartilha informações básicas sobre aspectos do estilo de vida de um indivíduo, grupo ou sociedade, principalmente ao que esse estilo deverá levar aqueles que o adotam. Parte do princípio de que conhecendo os determinantes e condicionantes da saúde, indivíduos e grupos estarão mais aptos para intervir sobre esses fatores e proporcionar, a si próprios e aos que os cercam, bons hábitos e bons exemplos de como viver com bem-estar e saúde.
Epidemiologia – Ao estudo dos determinantes e condicionantes da saúde de uma determinada população damos o nome de “epidemiologia”, ou seja, o estudo dos fatores que intervêm na difusão e propagação de doenças, incluindo a frequência com que ocorrem, sua evolução e distribuição, com o objetivo de promover saúde e prevenir doenças. O epidemiologista é um profissional com função fulcral quando falamos em promoção de saúde, mas também, em muitos casos, quando queremos pensar como prevenir agravos diversos.
Os estudos epidemiológicos podem nos possibilitar uma visão panorâmica inestimável da forma de vida e de adoecimento uma determinada população, fazendo-nos compreender melhor o porquê de ocorrerem determinados males nessa população, em forma endêmica ou epidêmica, conforme a realidade específica em que se trabalha. E, da mesma forma, pode nos dar importantes dicas de por que não há registros de outras patologias na mesma região. Em suma, trata-se de um ramo do conhecimento médico que tem uma importância inegável na contemporaneidade.
Sentir-se bem é fundamental, pois, estando bem consigo mesma, a pessoa tenderá a experimentar bem-estar e a ter mais saúde |
Embora seja importante lembrar que a diferenciação e a distinção clara entre os conceitos que compõem o conhecimento humano costuma ser bem mais possível e viável no plano teórico do que no prático. De certa maneira, ao promover saúde se está prevenindo doenças e ao prevenir determinadas doenças ações, comportamentos e hábitos saudáveis são incentivados e, logo, há promoção da saúde através disso.
Enxergando longe - O que precisa ficar claro é que a proposta de prevenção da saúde significa o lançamento de um olhar mais à frente, demonstrando que o propósito dos profissionais de saúde envolvidos no projeto do SUS é o de enxergar mais longe e não se contentar com as ações de “apagar incêndio” que caracterizaram, historicamente, as práticas de saúde brasileiras.
O risco, no entanto, é o de alguns desses profissionais carregarem o propósito de doutrinar indivíduos, grupos ou mesmo toda a população, sem levar em consideração as razões, motivos e sentidos de muitos dos hábitos não-saudáveis adotados. Para melhorar a qualidade de vida, não adianta posar de doutor ou intelectual que sabe tudo e se dispõe a apontar aos ignorantes o caminho da salvação. Isso, o sanitarismo clássico já fazia, com alguns sucessos e muitos fracassos, mas, principalmente, intervindo socialmente de forma violenta e discriminatória, sem respeitar costumes e tradições locais e ocultando os interesses de dominação contidos nessas ações supostamente “de saúde pública”.
Somente “estando junto” às comunidades e dos indivíduos se pode entender e intervir sobre os determinantes e condicionantes que caracterizam o estilo de vida de pessoas, grupos ou comunidades.
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