Os males que determinadas empresas da indústria alimentícia
causam a nós são inegáveis. A qualidade de muitos dos produtos oferecidos por
essas empresas é baixa, principalmente se tomarmos em conta os fatores
nutricionais. Algumas coisas que chamamos de alimentos não são, na verdade,
alimentos, pois não nutrem, não alimentam, não fazem bem ao corpo. Na melhor
das hipóteses, simplesmente não têm valor nutricional, mas, em diversos casos,
fazem mal ao organismo.
Uma das doenças geralmente associadas a esses “alimentos que
não alimentam” é o câncer, uma doença não transmissível que, junto com a
diabetes, é responsável pela morte de aproximadamente um milhão de pessoas por ano, somente no Brasil.
O quadro é tão grave que, segundo o jornal O Estado de São Paulo (Estadão), o
número de mortes por essa causa cresce de forma mais veloz do que a população.
Segundo o cardiologista Carlos Alberto Machado, ouvido em
matéria do Estadão, o aumento das mortes por doenças não transmissíveis está
ligado a uma combinação de piora no estilo de vida, envelhecimento populacional
e redução do acesso aos serviços de saúde públicos e privados. E, embora ele não tenha citado, dentro dessa piora no estilo de vida está o fator "alimentação". Muitas pessoas consomem ultraprocessados, inclusive nas refeições diárias, e esse é um importante fator de adoecimento.
Na matéria do Estadão, o mesmo cardiologista afirma que "para reduzir as mortes por doenças não transmissíveis, seria preciso investir no diagnóstico precoce e no tratamento adequado, estimulando o combate à obesidade, ao tabagismo e ao sedentarismo". Segundo suas palavras:
"É preciso incentivar a atenção básica, mas o governo vem privilegiando o atendimento de alta complexidade. Se valorizamos só o hospital, só vamos tratar doentes, em vez de impedir que as pessoas adoeçam. É preciso valorizar a promoção de saúde. Esse sistema está praticamente inviável".
Taxar "comida porcaria" é preciso
O custo para fornecer assistência a essas pessoas é alto e
uma solução para cobri-lo seria a responsabilização das indústrias de alimentos
que não alimentam, com uma taxação pesada (como ocorre com o cigarro, que hoje
está sendo muito menos consumido do que já foi no passado), o que elevaria o
preço da “comida porcaria” e afastaria parte da população desse tipo de
produto.
No entanto, como essas empresas investem pesado na eleição de
deputados e senadores, a coisa não anda. E o caso é mais grave ainda por conta
de que a publicidade de alimentos porcaria é em grande parte dirigida a
crianças. O resultado é o aumento da obesidade e de outras doenças, como as
citadas anteriormente neste mesmo texto.
Link para a matéria do Estadão: